Softwares fechados são incompatíveis com a democracia, afirma governador
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Com o objetivo de aprofundar o debate sobre o uso de software livre, apresentar suas soluções de sucesso e trocar experiências, foi aberto, na manhã desta quinta-feira (02), o III Fórum Internacional Software Livre, no Centro de Eventos da PUC, em Porto Alegre. Participaram do ato de abertura o Olívio Dutra, o prefeito de Porto Alegre, João Verle, o presidente da Companhia de Processamento de Dados do RS (Procergs), Marcos Mazoni, o conselheiro da Unesco para América Latina e Caribe, Cláudio Menezes, o deputado federal mineiro Sérgio Miranda, e o representante do Ministério de Ciência e Tecnologia, Antenor Corrêa. Até sábado (4), cerca de três mil pessoas devem participar de quase 300 horas de atividades, entre palestras nacionais e internacionais, workshops e oficinas. O governador enfatizou, em discurso, que a dimensão adquirida pelo III Fórum de Software Livre demonstra o acerto do caminho seguido pela Procergs na busca da democratização da informática. Entendemos que a informática controlada pelos softwares fechados é incompatível com a democracia, afirmou. Olívio assinalou ainda que a opção pelo software livre está ligada à liberdade e à evolução tecnológica autônoma e auto-sustentável. Ressaltou também os programas desenvolvidos com o software livre no Governo do Estado, como o Rede Escolar Livre, o seu uso na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), o uso do programa GNU/Linux nos caixas eletrônicos do Banrisul, e o lançamento de um edital da Fapergs para a pesquisa no setor no valor de R$ 700 mil , chamado Prolivre. Mais de 12 países estão representados no Fórum, apresentando o que está sendo produzido com sotware livre, tanto no mundo tecnológico como no mundo de serviços voltados diretamente às pessoas. Estamos aqui para mostrar a filosofia do software livre, que não aprisiona o conhecimento, mas sim permite a liberdade e a criatividade, destacou o presidente da Procergs. Mazoni assinalou também que as ações realizadas pelo Governo do Estado - em parceria com as universidades e entidades ligadas ao mundo do software livre - colocaram o Rio Grande do Sul como referência mundial no uso deste tipo de software. Prêmio Destaques O Prêmio Destaques Software Livre, que tem como símbolo o pássaro Quero-Quero, foi entregue ao governador e premiará em novembro, quando a Procergs completa 30 anos de atividades, diversas categorias no setor privado, público, imprensa e idealizadores de programas de código aberto. De acordo com o presidente da Procergs, o prêmio foi criado para valorizar a capacidade criativa, solidária e humana daqueles que trabalham com software livre. O prêmio foi instituído pela Procergs e pelo Programa Software Livre RS. Unesco A última conferência da Unesco definiu o acesso à informação como prioridade desse organismo da Organização das Nações Unidas (ONU). Dentro deste conceito, está inserida a discussão sobre a ampliação do uso de software em todo mundo. O conselheiro da Unesco para a América Latina, Cláudio Menezes, afirmou que o software livre deve ser uma ferramenta no combate da pobreza, no acesso à educação. Além da dimensão tecnológica, os programas de código aberto devem estar associados ao desenvolvimento social e étnico, assinalou. Menezes anunciou, também, que nesta sexta-feira (03), às 18h30, a Unesco estará formalizando um consórcio para a cooperação internacional na área de desenvolvimento de software livre. Além de produzir tecnologia, este convênio tem como objetivo facilitar o acesso a financiamentos nacionais e internacionais, desenvolver políticas de uso de software livre e difundir as propostas deste projeto em instituições internacionais. Liberdade é a base O vice-presidente da Free Software Foundation, Robert Chassel, foi o principal palestrante desta manhã. Em pouco mais de uma hora, Chassel expôs as diretrizes básicas que regem a ideologia do software livre no mundo. Segundo ele, a diferença fundamental entre o software livre e o software tradicional, é a possibilidade que o usuário tem de usar, estudar, copiar, modificar e redistribuir o programa, ao contrário do outro, que já vem pronto e não permite qualquer tipo de alteração. Com isto, o usuário tem a possibilidade de transformar o programa conforme suas necesidades, e ainda, beneficiar outras pessoas com as suas inovações, sem fazer com que isto gere algum tipo de custo extra. Chassel considera a liberdade a palavra fundamental para se definir o software livre. O monopólio faz mal para a sociedade, falou ao se referir a Microsoft, empresa que controla o mercado de software no mundo. O usuário deve ter a liberdade de estudar, a liberdade de modificar para resolver problemas, a liberdade de copiar e redistribuir para colaborar com os outros usuários, disse. A liberdade gera mais oportunidades, confiança, segurança e contribui para a colaboração entre as pessoas. Além de permitir alterações, outro elemento considerado fundamental por Chassel é a questão financeira, pois o software livre pode ser comprado por um baixo custo - quando já vem instalado no computador -, ou até mesmo gratuitamente - quando copiado através da internet. Ao concluir sua palestra, o vice-presidente da Free Software Foundation disse acreditar que o futuro do software livre está relacionado com a pressão popular sobre os governos. Se os governos derem liberdade para as empresas, o software livre sobreviverá mas se os governos ficarem do lado dos monopólios ele morrerá, sentenciou.