Cresce número de idosos no mercado de trabalho metropolitano
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A população idosa (mais de 60 anos) aumentou no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre, de acordo com o Informe Especial da PED-RMPA divulgado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) nesta quinta-feira (24). A proporção de idosos no mercado de trabalho acompanha as mudanças demográficas que vêm ocorrendo com rapidez no Brasil a partir dos anos 1990.
Os dados da PED revelam que o envelhecimento da população observado nas últimas décadas alterou a pirâmide etária da região. Houve incremento de 442 mil pessoas idosas entre 1993 e 2014, ou seja, um crescimento de 181,1%, enquanto o aumento da população total foi de 22,9%. A proporção de idosos em 1993 era de 7,9%. Já em 2014, saltou para 18,0% da população total da Região Metropolitana. As mulheres predominam na população dessa faixa etária - são 60,3% do total de idosos.
Essa mudança impactou a composição da População Economicamente Ativa (PEA). São mais pessoas acima de 60 anos (+194,4%) e menos indivíduos abaixo de 15 (-86,0%) e entre 16 e 24 (-7,3%) no mercado de trabalho. Desta forma, a proporção dos idosos no total da PEA mais que dobrou, passando de 2,5%, em 1993, para 5,7% em 2014.
Mas essa (re)inserção dos mais maduros no mercado de trabalho se dá em condições desfavoráveis. "Há menores possibilidades de emprego, vínculos empregatícios mais frágeis, postos de trabalho menos qualificados e, não raro, principalmente para as mulheres, remunerações inferiores", avalia a pesquisadora responsável pelo estudo, socióloga Norma Kieling.
Embora tenha registrado melhora na qualidade da ocupação nas últimas duas décadas, a população idosa ainda ocupa posições mais precarizadas no mercado de trabalho comparada à população total. Em 1993, eram 52,5% e, em 2014, são 47,7% as pessoas com mais de 60 anos assalariadas sem carteira assinada, autônomas, empregadas domésticas e trabalhadores familiares sem remuneração, contra 26,5% da população total.
Rendimentos
Com relação aos rendimentos, entre 2011 e 2014, houve aumento de 2,1% acima do total de ocupados. O rendimento médio dos idosos aumentou para R$ 1.929,00. Mas as trabalhadoras idosas continuam ganhando menos. O diferencial de rendimento por sexo é mais intenso entre os idosos. No período 2011-2014, a trabalhadora idosa recebia R$ 1.619,00, correspondentes a 69,5% da remuneração masculina (R$ 2.328,00), enquanto no total da população as mulheres recebem em média 75,2% do rendimento dos homens.
Para Norma, a nova realidade demográfica deve inspirar políticas públicas e sociais que melhorem a inserção dos idosos no mercado de trabalho, buscando qualificação no nível educacional e empregos adaptados às necessidades desse contingente. "A tendência é que tenhamos redução da população economicamente ativa e, portanto, será necessário intensificar a produtividade. Isso só se conquista com aposta na qualidade da educação", afirma.
A pesquisa é executada pela FEE em convênio com a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), Dieese, prefeitura de Porto Alegre e Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (Seade/São Paulo), com apoio financeiro do Ministério do Trabalho e Emprego/Fundo de Amparo ao Trabalhador. O estudo completo e a síntese ilustrada estão no site da FEE.
Texto: Sandra Bitencourt/Ascom-FEE
Edição: Rui Felten/Secom